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De Lisboa a Cascais - Rostos, Liberdade e Medicina
Autor:
Editora:
Edição do Autor
Local: Lisboa
Tipo: Livro
Ano da Edição: 2008
Idioma: pt
Volumes: 1
Páginas: 440
Disponível: Sim
Prefácio de António d' Orey Capucho, Presidente da Câmara Municipal de Cascais

A primeira consideração que se me apraz tecer perante este volume que tenho o gosto de prefaciar, é a de que estamos perante o fruto de uma paixão. Uma paixão pela história, por Cascais, por muitas das figuras que marcaram e fizeram crescer o concelho. Uma paixão que nos é revelada por um prisma menos habitual: o da Medicina.

Poderá o leitor menos avisado questionar-se sobre qual o papel da Medicina na história e no desenvolvimento de Cascais que justifique uma extensa abordagem através desta óptica particular. Um papel muitíssimo relevante, como se compraz a autora, página a página, a desvendar-nos de forma cativante. De facto, se a área da saúde sempre se constituiu como um factor de desenvolvimento local, naquela que é uma tendência transversal ao território nacional, no concelho de Cascais essa vertente cedo ultrapassou um nível que hoje classificaríamos de básico para chegar a influir na definição da sua vocação económica e identitária. Como por diversas vezes nos recorda a autora, as características excepcionais do clima da região, apelidada de Costa do Sol nas primeiras décadas do século XX e Costa do Estoril na actualidade, foram teorizadas e defendidas por vários ilustres personalidades do mundo da Medicina ao longos dos tempos, com particular veemência a partir do século XIX. Um esforço com repercussões notáveis na paisagem concelhia, como o atestam a instalação de diversas unidades hospitalares e sanatórios na Parede e em Carcavelos, e, já antes disso, correspondendo a uma perspectiva então muito voga, dos estabelecimentos termais no Estoril e em São João do Estoril.

Mas a marca da Medicina na paisagem concelhia far-se-ia sentir também de outra forma, com particulares consequências na definição de um daqueles que se tornou hoje um dos traços mais distintivos do concelho: a sua vocação turística. Recorda-nos a autora e bem que, na esteira da presença sazonal da família real portuguesa em Cascais a partir de 1870, alguns dos mais influentes e pioneiros propagandistas das virtualidades da região foram precisamente personalidades ligadas à área da medicina e saúde. Destaca a justíssimo título a apaixonada exposição que no XV Congresso Internacional de Medicina, realizado em Lisboa no ano de 1906, o Dr. Daniel Gelásio Dalgado teve ocasião de proferir, consagrando, no meio científico da Medicina, as naturais potencialidades terapêuticas daquela que viria a ser conhecida como a "Riviera de Portugal".

Mas na sua investigação a autora dedicou ainda particular atenção ao contributo de determinadas personalidades que, destacando-se pelo seu elevado espírito de benemerência, deixaram a sua marca no concelho e na memória da comunidade. Trabalho particularmente valioso, se pensarmos que é também a partir da reconstituição dos laços de solidariedade locais e das suas ligações familiares que podemos sentir aquele que foi e continua a ser o pulsar de um sector da comunidade local que, através da sua actividade individual ou conjunta, tanto tem contribuído para o desenvolvimento do concelho até à actualidade.

Estamos, pois, perante uma publicação particularmente oportuna, que relembra o lugar que a Medicina desde cedo teve nos destinos do concelho. Uma publicação que, pela minúcia e pelo rigor, se constitui como um inestimável contributo para a elevação da historiografia cascalense.